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quarta-feira, 11 de maio de 2011

"Soneto do Epitáfio" de Bocage



Bocage e as Ninfas
Óleo de Fernando Santos. Museu de Setúbal



Lá quando em mim perder a humanidade
mais um daqueles, que não fazem falta,
verbi-gratia – o teólogo, o peralta,
algum duque, ou marquês, ou conde, ou frade:

Não quero funeral comunidade,
que engrole sob-venites em voz alta;
pingados gatarrões, gente de malta,
eu também vos dispenso a caridade:

mas quando ferrugenta enxada idosa
sepulcro me cavar em ermo outeiro,
lavre-me este epitáfio mão piedosa:

"Aqui dorme Bocage, o putanheiro;
passou a vida folgada, e milagrosa;
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro."

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